george monteiro sobre a réplica a arnaldo saraiva

Dear Felipe Delfim Santos,

Only a few minutes ago was I able to get to your “answer” to Arnaldo Saraiva that you so thoughtfully forwarded to me. I thank you for it. I was happy to see that you rightfully defend yourself without descending to ad hominem attack.

After all these years following the publication of his piece on Sena’s aborted career as a naval cadet, Arnaldo is still angry, still trying to defend the position he assumed in that article. It was Ezra Pound, I think, who said that anger makes for good prose. Perhaps, but it also makes, sometimes, for seething comments better left unsaid. Isn’t is strange how good scholarship (and the book in question is an example of exemplary scholarship) seems to evoke such attack?

Thanks you again for sharing your piece with me.

Best, George

a contrarresenha a arnaldo saraiva, por filipe delfim santos

OS SINAIS DE FOGO DE ARNALDO SARAIVA

(…) Diz o crítico, no ponto j), que “o anotador não me ouviu nem leu, bastou-lhe a claríssima versão de Mécia, que sempre soube encontrar delfins que nunca põem em causa o que ela diz e que dizem o que ela quer que seja dito”. Não sei se Amaldo Saraiva é um “ex-delfim” de Mécia de Sena, sei é que ele, além de brincar com o meu nome, afirma que eu não o ouvi por servilismo, quando o não fiz porque usei uma formulação imparcial e objetiva: Mécia de Sena “aclara”, sob o ponto de vista dela, o que motivara as alegações de Arnaldo Saraiva; ora “aclarar” não exclui a existência de outras versões, razão pela qual eu não usei expressões como “revela” ou “denuncia”, essas sim taxativas. Quanto ao meu suposto servilismo, nunca Mécia de Sena sugeriu, orientou, interferiu ou reviu qualquer das minhas edições de correspondências; jamais influenciou ou diminuiu a minha liberdade e responsabilidade editorial e autoral – aliás, conhece o meu trabalho quando recebe os livros já prontos. Não vejo como eu possa ser um “delfim” dela, se os houve ou há.

Texto integral em FilipeDSantos_Resposta_a_Arnaldo_Saraiva_24_08_2013

arnaldo saraiva resenha a correspondência jorge de sena / joão gaspar simões

SINAIS DE FOGO

(…) o livro recente “Jorge de Sena/João Gaspar Simões – Correspondência 1943-1977“, com organização. estudo introdutório e notas de Filipe Delfim Santos e com o subtítulo “Incluindo o Carteio de Mécia de Sena”.

Percebe-se mal o que fazem as cartas de Mécia neste volume, com o mesmo destaque das de Simões ou das de Jorge de Sena, e integrais (não citadas ou resumidas só em notas), para mais sendo posteriores, salvo uma, às dos dois escritores, não tendo o valor literário delas e não trazendo nenhuma luz relevante às dos correspondentes ou às suas relações. Assim, além de servirem um protagonismo deslocado, cumprem as comuns finalidades das cartas e de algumas anotações de Mécia, onde às vezes há queixas ou queixinhas contra este ou aquele e contra a pátria, retorcidas distorções e ressentidos ajustes de contas. O curioso é que o volume exclua textos que poderiam iluminar a “correspondência” mas também a longa “incorrespondência” entre os dois escritores. A enorme desproporção entre as dezenas de páginas concedidas ao que Gaspar Simões escreveu – quase sempre favoravelmente – sobre Sena e as duas páginas concedidas ao que Sena escreveu sobre Simões até ficaria atenuada com a inclusão de “invetivas” ou de “sátiras”, a que se refere uma rapidíssima passagem do “estudo introdutório”; mas nem há cheiro de nenhuma das várias publicadas ou estranhamente impublicadas “dedicácias” de Sena que implicam Gaspar Simões; o leitor fica assim sem saber, por exemplo, que Sena chegou a nomear o famoso crítico como “Gaspões”, ou “Simar Gaspões”, e a rir-se dele por ser… cornudo, como se riu de Mário Cesariny por ser homossexual.

(…)

A carta agora publicada tem uma nota de Filipe Delfim Santos que refere o meu texto do Expresso, acrescentando “cujas motivações Mécia de Sena aqui aclara”. Assim mesmo: “aclara” – e como. O anotador não me ouviu nem leu, bastou-lhe a claríssima versão de Mécia, que sempre soube encontrar delfins que nunca põem em causa o que ela diz e que dizem o que ela quer que seja dito.

Texto integral em Arnaldo_Saraiva_Resenha_Simoes_Sena_10_08_2013