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Bibliowebgrafia

anthypophora 1
adivinha.jpg (73722 bytes)A imagem responde à pergunta, tornando redundantes as palavras que se seguem; a uma tal repetição que visa recapitular os argumentos dá-se o nome de anacephalaeosis. Se a repetição se seguisse a uma digressão (excursus) seria uma epanodos.
Usos da interrogação: na antipófora ela vem imediatamente acompanhada pela resposta, ou então sucede-lhe no caso da publicidade faseada.

anthypophora 2
adivinha-ironia.jpg (133040 bytes)Neste outro exemplo de pergunta respondida pela imagem existe opção, mas não há dilemma, (v. infra) porque a solução binária do problema afigura-se óbvia.

erotema 1
erotema2.jpg (113361 bytes)A pergunta retórica é de efeito seguro porque prende a atenção do leitor e obriga-o a pensar, muitas vezes em vão, na resposta que consideraria mais apropriada.
Mais ousada é a pergunta retórica, que não pretende obter qualquer resposta mas tão somente um efeito de interpelação.

erotema 2
erotema.jpg (103666 bytes)Aqui também se tratava de uma pergunta sem intenção de obter qualquer resposta, mas o processo foi desvirtuado pela sequência do texto que fornece uma resposta gratuita. Um exemplo de infeliz macrologia (palavras despropositadas).

aenigma
aenigma.jpg (100751 bytes)A solução do problema fica a cargo da perspicácia do leitor, já que não são dadas quaisquer pistas na imagem que apenas ilustra a questão - que não se colocou em modo interrogativo.
O enigma é de todas as perguntas a que exige mais reflexão do leitor, a par do dilema, que o coloca perante uma escolha difícil, em geral porque ambas as saídas são igualmente desfavoráveis.

dilemma
dilemma-parabola.jpg (123953 bytes)Como o produto não pode ser tido como desfavorável por parte do cliente, o dilema tem de ser redireccionado para um terceiro supostamente em conflito com este (neste caso a mãe).

dulcis in fundo
suspense.jpg (120461 bytes)Há aqui um efeito de sentido suspenso, ao usar-se uma frase aparentemente negativa mas que completada ou explicitada se revela positiva. É o oposto do escorpiónico in cauda uenenum, tão bem usado por Voltaire. Note-se que não há segundos sentidos (silepses), já que todas as expressões são usadas no seu sentido próprio.
Usos da concessão: com estes processos causa-se suspense e capta-se a benevolência do leitor, surpreendendo-o com as cedências feitas: compõem este conjunto o dulcis in fundo, a sincórese, a paromologia e a antanagoge.

synchoresis
synchoresis.jpg (52758 bytes)
A concordância da sincórese é real, concedem-se de facto alguns argumentos fortes à concorrência, que se contrastam com o seu próprio argumento (o preço).

paromologia
paromologia.jpg (81982 bytes)
O argumento maior é neste anúncio uma hipérbole: o carro é tão amplo que o seu espaço interior equivale ao de uma casa. O processo contrasta com a sincórese em que os dois pontos têm igual força, havendo que abdicar de um para obter o outro (dilemma positivo). 
Na paromologia, ou falso acordo, há um ponto menor ou ridículo de que se abdica, realçando assim a força do argumento maior.

antanagoge
antanagoge.jpg (127090 bytes)
As vantagens finais do produto só são ilustradas pelos defeitos da sua alternativa. Não sendo exactamente como ir ao cinema, o leitor de DVD pode ser um bom sucedâneo, pois está isento dos defeitos do seu «concorrente». 

Na antanagoge dá-se uma feição positiva a algo que, não obstante, se reconhece como negativo, mais difícil ou mais fraco (Lat. compensatio).

adianoeta
paraenesis-syllepsis.jpg (102982 bytes)Nesta adianoeta procede-se a uma paraenesis (aviso de perigo iminente). É uma imagem violenta e não-comercial. O duplo sentido é veiculado pelo duplo código: a imagem fornece uma interpretação não óbvia da locução, e este é um dos usos mais explorados da adianoeta.
Usos da ironia: alguns usos da ironia envolvem quer a adianoeta (ou alusão) quer a apodioxe que cita um argumento de outrem apenas para o rejeitar como absurdo ou nulo.

apodioxe 
anesis_refutatioabfonte.jpg (107433 bytes) Neste caso, a imagem é apresentada como tipo dos autores da afirmação que se pretende ridicularizar e que pela sua própria comicidade resulta numa refutatio ab fonte, usando o ataque pessoal contra o próprio modelo, ou falácia do argumentum ad hominem - asserção comprometida pelo ethos do seu autor.

enthymema
circumlocution.jpg (134603 bytes)O bem-estar (segurança) é apanágio deste carro (premissa maior omitida); o carro custa x contos (premissa menor, afirmada pelo contexto); a segurança da família vale portanto x contos (conclusão expressa no início).
Usos do silogismo e do paralogismo (falácias): muito comum na argumentação, o entimema é um silogismo truncado, em que a premissa maior está omissa. O paralogismo é um falso silogismo, com falsas premissas e/ou falsas conclusões.

paralogismo
metapub3.jpg (31071 bytes)Aqui a premissa maior, falsa, é a de que a imagem da batata é igual às batatas «reais», e se a imagem está seca, logo as batatas estarão secas. Esta falácia da identificação do ícone com o seu referente enquadra-se na falsa analogia. Como se pede uma verificação táctil no suporte (papel) trata-se também de uma metapublicidade.

adagium 1
proverbio2.jpg (103811 bytes)Um dos recursos mais comuns é o da alteração dos provérbios, que passam assim a paravérbios. O leitor reconhece a modificação efectuada aceitando o novo sentido obtido com a inovação, que neste caso é contrário ao inicial. Este anúncio é uma publicidade faseada e corresponde à sequência do exemplo apresentado abaixo, em "metapublicidade 3".
Usos de truísmos, provérbios, paravérbios e expressões idiomáticas: ainda que só surtam efeito numa língua, este é sempre garantido já que vai ao encontro das referências culturais do público.

adagium 2
proverbio.jpg (135419 bytes)O uso inalterado do provérbio neste exemplo resultou infeliz pois a presença do sinistro sinal de perigo - «obras na estrada» -representa um forte contratempo para os automobilistas, o que lhes deixa no ar a dúvida se a nova ponte será o grande remédio ou o grande mal inicialmente referidos.

aphorismus
aphorismus.jpg (53408 bytes)O anúncio joga também com um equívoco argumentum ex auctoritate, dado o estatuto ignoto (ignaro?) da sua suposta fonte. A penúltima frase termina com uma anáfora (100% vegetais, 100% naturais), que é também uma tautologia retórica - repetição desnecessária da mesma ideia por palavras diferentes (não confundir com a tautologia lógica).
Usos da semântica: o aforismo questiona ou afirma o uso correcto de um termo, ou a adequação de um nome próprio ao seu portador.

infantilismus
infantilismo-diastole.jpg (108914 bytes)Este recurso é bastante perigoso, pois comporta um efeito caricatural perante as restantes camadas sociais, neste caso geracionais e se o jovem sentir que o seu argot está a ser exposto com essa intenção reagirá negativamente. No final do texto, o efeito de ampliação da vogal é uma diástole, e constitui também outro infantilismo.

Usos dos níveis de língua: a exploração do argot, calão, dialectos e socioletos define com grande precisão o público visado.

onomatopoeia
onomatopoeia.jpg (106520 bytes)A onomatopeia aplica-se a verbos e nomes, mas também à simples reprodução de sons tão usada na bd. O anúncio explora a antítese entre os volumes dos ruídos produzidos pelo tambor e os gerados pelo produto publicitado, uma máquina de lavar pratos. Também caracteriza negativamente o comportamento infantil, adoptando um topos dos anúncios das máquinas de lavar roupa (as crianças sujam mais roupa que os progenitores).
Usos da fonética: as onomatopeias são palvras compostas a partir dos sons do objecto que designam, constituindo assim os únicos signos motivados das línguas humanas, ou «palavras naturais», se tal não fosse uma contradictio in adiecto.

.parasitismusparasitismus.jpg (51688 bytes)
  Ao contrário do plágio, que é a imitação servil das formas, cores ou settings de outros anúncios mas com leitura independente, as peças publicitárias parasitas só adquirem sentido face a outras anteriores, bem mais conhecidas do público. Aqui parafraseiam-se as embalagens de tabaco da marca Marlboro (o nome Malchollo é argot espanhol, língua original do anúncio, que significa «má percepção») e sobretudo os avisos de consequências nefastas do produto obrigatórios nas campanhas publicitárias de marcas de tabaco, com a intenção de combater a concorrência dos sucedâneos de acessórios. 

Usos de outros anúncios: o recurso a outros anúncios releva do parasitismo ou então tem por fim a corrupção da peça publicitária visada.

corruptio
manipulatio.jpg (17408 bytes)
A corrupção de um anúncio é a forma hostil da sua reprodução (paráfrase), e constitui igualmente uma sub-espécie de parasitismo. São adoptados elementos gráficos de outros anúncios a fim de evocar a mensagem original pervertendo-a de forma sarcástica (insultuosa). Neste caso parafraseiam-se o estilo gráfico das campanhas Benetton, bem como a própria designação da marca. Este antianúncio, que procede a uma bdelygmia ou ataque violento, é apenas um exercício de estilo de um criativo e não uma verdadeira peça publicitária.
metapublicidade 1
metapub.jpg (52070 bytes)Estamos perante metapublicidade quando a mensagem do anúncio incide sobre ele mesmo em primeiro lugar, e só depois sobre o produto. O conjunto imagem/texto constitui-se num universo fechado em que os seus elementos se remetem mutuamente.

contextualização
interact.jpg (44157 bytes)Este exemplo interage com os restantes elementos da sua página - não confundir este processo com os casos em que estes são forjados, fazendo parte de um suposto exterior do anúncio (veja-se um exemplo em "iconismo", recursos do texto e da imagem. Trata-se sempre de uma apropriação de contexto, e daí a necessidade de compensar esse abuso com um encómio.

.metapublicidade 2
metapub2.jpg (81880 bytes)Esta é uma antítese obtida após uma paráfrase verbal condescendente, não hostil mas emuladora. Faz-se referência caricatural aos lugares-comuns que se encontram nos anúncios para os perfumes da concorrência, e afirma-se a originalidade do próprio produto «comprovando-a» com a do anúncio, servindo-se para tanto do seguinte paralogismo: estética do anúncio=produto, anúncio é inovador, logo o produto é inovador. Mais uma vez a falácia da falsa analogia neste exemplo de metapublicidade que reflecte sobre os topoi.

Usos do próprio anúncio: uma referência aos elementos restantes da página, ou presentes no espaço que o circunda (contextualização), ou uma referência intratextual, ou ao seu suporte material, ou à sua concepção e objectivos, ou a qualquer das suas próprias características compõem a metapublicidade.

metapublicidade 3amphibologia2.jpg (109245 bytes)Originalmente dispostos nos lados exteriores de duas páginas confrontantes, a questão retórica (erotema) faz referência à direcção do olhar do modelo e à localização contrastante da rapariga e do automóvel (assimilados pela anfibologia (estrutura da paginação e disposição gráfica) e pela silepse do «precisa». Símile do carro com a namorada, enquanto objectos de posse e manipulação que conferem prestígio ao seu proprietário?

 

 

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