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A metodologia deste site subordinou-se ao seu propósito de ilustrar o uso de alguns procedimentos retóricos pela sua exemplificação nas obras dos publicitários, quer no domínio textual quer iconográfico, estabelecendo-se para a retórica da imagem as mesmas categorias que para a do texto escrito. A peça publicitária é pois um texto, visual, gráfico ou grafo-visual.

bulletEm torno dele existem um enunciante (autor do anúncio), um anunciante (que o encomendou) um co-enunciante (leitor do anúncio), um enunciado (o anúncio em si) e um anunciado (o produto que se pretende publicitar).
bulletExiste também uma intertextualidade com outros discursos (fílmico, artístico, etc.) e com outras peças publicitárias, que pode ir aos extremos do plágio (cópia de um outro anúncio), ou do parasitismo (quando um anúncio só vive pelos sentidos que lhe são dados pela existência de um outro).
bulletDeve também considerar-se a sua intratextualidade quando as relações de remissão são internas, muitas vezes entre texto/imagem, ou de uma parte de um anúncio para outro (anúncio fraccionado ou sucessivo).
bulletPode estar presente o seu paratexto, que é a assinatura da agência.
bulletPode ser estudado o seu subtexto, que são as implicações psicológicas do enunciante, que serão reelaboradas pelo co-enunciante em função das dele.

Por serem irrelevantes para este trabalho abandonaram-se algumas distinções tradicionais da retórica:

bulletos tropos face às figuras (eixo paradigmático vs. eixo sintagmático).
bulletos ornamentos face aos vícios, quando se põe em causa a intencionalidade do desvio.
bulletas operações, as estratégias, etc.

A todos os processos retóricos foi atribuído igual estatuto na sua exemplificação. Finalmente excluíram-se as referências:

bulletao contexto físico, o setting do anúncio (revista, outdoor, etc.) incluindo os outros anúncios que o precedem na mesma publicação ou que estão em exibição no mesmo espaço público, e ao temporal, a sua cronologia de produção e de exibição.
bulletao genotexto, ou origem material do anúncio.

Para adaptação dos recursos retóricos à linguagem visual fez-se a seguinte translação:

bulleto semema ou unidade mínima de significação passa a ser a forma, as cores, os signos alfabéticos inseridos num ícone, etc., que implicam vários sub-códigos, entre eles o cromático, o mórfico, o gráfico (forma das letras) e o alfabético (qualidade das letras ou dos grafemas).
bulleta palavra (objecto do tropo) corresponde a cada um dos elementos isoláveis de uma imagem.
bulleta frase (objecto da figura) equivale a um conjunto autónomo de elementos linearmente agrupados e por vezes interrompidos e oponíveis entre si.

Sem correspondência directa  com o texto gráfico são os anúncios tri-dimensionais que muitas vezes são interactivos, apelando para um desafio à acção de nível imediato, com, pelo, e no próprio suporte material do anúncio (raspar zonas ocultas, escrever, arrancar elementos, separar, dobrar, cortar, etc.), sem prejuízo do segundo nível mediato que é o objectivo final do anúncio. 

Foi necessário algum arrojo e originalidade já que a adaptação ao universo da gramática icónica de recursos gerados na sua aplicação aos textos escritos nem sempre se processa pacificamente. Aqui e além foi mesmo necessário criar termos novos, adoptando mas adaptando as matrizes da retórica clássica.

Tendo em conta a sinergia que a publicidade frequentemente explora entre o duplo código, linguístico e icónico (um exemplo extremo é a iconificação do signo escrito) dividiram-se os recursos pelas seguintes rubricas: texto/imagem, quando dependiam precisamente da interacção de ambos, e texto ou imagem quando, não obstante o uso paralelo e redundante ou não do outro código, o recurso era plenamente realizado em apenas um destes. Finalmente isolaram-se outros recursos de tipo macroestrutural, alguns de outros domínios não retóricos, como por exemplo da lógica.

Foi ampliado o eixo das operações bem como o eixo das relações retóricas da taxionomia clássica (usada entre outros por Durand e Burton): ambos sofreram a adição de mais uma categoria, respectivamente mutação e vizinhança. O resultado final da classificação dos recursos deve mais à minha própria exploração das suas possibilidades iconográficas do que à tradição:

Operação
Ampliação Redução Substituição Troca Mutação

Relação

Identidade

 Paliconia, Hipérbole, Auxese Elipse, A.S.A.*, Prolepse,  Autonímia, Adnominação, Metálage Anáfora, Antístase Iconismo, Caligrama

Diferença

Policonia Litotes Antilogia Aquíro, Catacrese Adianoeta

Semelhança

Símile Antisagoge  Antísteco Perífrase Políptoton

Oposição

Antífrase, Antítese, Sineciose Ánesis, Antanagoge Ironia, Eufemismo Paralipsis, Proslepsis Oxímoro

Pseudomologia

Paradoxo, Prosopopeia Antiprosopopeia Paronomasia,  Antanaclase Silepse, Sinestesia Metáfora de A é B e B por A, Alegoria
Vizinhança Sinérese, Sínquise Sinédoque Metonímia, Sístrofe, (Perífrase) Anfibologia Metáfora A de B

*: Aférese, Síncope e Apócope. 

Graças aos novos suportes foi-me possível retomar e apurar as tentativas tímidas dos que me precederam neste esforço exploratório. Procurarei ampliá-lo constantemente.

O Autor

 

 

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