diário do minho – resenha de ‘escola de braga: a correspondência com delfim santos’

Escola de Braga: A Correspondência com Delfim Santos
Org.: Filipe Delfim Santos / / José António Alves
Dezembro 2011

Delfim Santos (1907-1966) foi um filósofo que soube dialogar com o seu tempo – razão por que, no espólio que legou à posteridade, figura um vasto rol de missivas que recebeu de eminentes personalidades bracarenses da chamada ‘Escola de Braga’ ligadas à Faculdade de Filosofia da UCP. O volume aqui em referência reúne um elevado número dessas cartas (60), remetidas por personalidades tão ilustres como Diamantino Martins (1910-1979), Severiano Tavares
(1907-1955), José Bacelar e Oliveira (1916-1999), Lúcio Craveiro da Silva (1914-2008) e Paulo Durão (1893-1977). Estes académicos jesuítas, que recuperaram o legado do antigo Colégio das Artes e da Universidade de Évora, refundaram a “Escola de Braga’ e percorreram, com Delfim Santos, um longo e aprofundado caminho de amadurecimento filosófico-cultural nos anos de 1930 – motivo pelo qual não é de estranhar que, entre eles, se tenham estabelecido “laços” de grande afinidade intelectual, bem patentes nas cartas que este volume nos disponibiliza.

Numa excelente introdução à correspondência inclusa no livro, José António Alves dá-nos uma ampla ‘visão’ da importância que a década de 30 do século passado teve no ‘progresso da filosofia’ em Portugal, circunstância que permite ao leitor menos familiarizado com os assuntos filosóficos um melhor ‘enquadramento’ do conteúdo temático das cartas.

Muito relevante é também o posfácio de Filipe D. Santos, onde se aborda a ‘posição’ de Eduardo Lourenço sobre a organização do primeiro Congresso de Filosofia em Portugal (promovido pelos jesuítas bracarenses) e sobre a constituição da Sociedade Portuguesa de Filosofia.

M. M.

Diário do Minho 634, 22/02/2012, Suplemento Cultura