“Em 15 de maio de 1960, Henry Miller escreve uma carta de Lisboa. Alguns dias em Portugal e no Algarve, conheceu Natália Correia e David Mourão-Ferreira, com quem discutiu… o Amor.
Ele viera para Portugal porque uma vidente lhe assegurara que o nosso país lhe seria favorável, ele andava à procura do paraíso.
Viajando para Lisboa encontrou, numa livraria da Avenida de Roma, João Gaspar Simões a quem perguntou quem havia interessante para conhecer em Portugal. O falecido crítico literário indicou-lhe Natália Correia. E foi assim que, numa bela noite, ele foi bater à porta da escritora, na Rua Rodrigues Sampaio.
“Natália Correia?” – perguntou Miller.
“Henry Miller?!!” – respondeu, espantada, Natália Correia, que não fora avisada da chegada do escritor.
Ela estava a discutir, com um grupo de gente ligada aos meios intelectuais, entre os quais Delfim Santos e David Mourão-Ferreira, o tema do Amor. Miller entrou, sentou-se e discutiu com os presentes esse assunto palpitante. Podiam falar em português porque Miller, que sabia espanhol, entendia bem o diálogo.
Henry Miller foi entrevistado para o Jornal de Letras e Artes e teceu os maiores elogios à anfitriã daquela noite memorável”.
O Jornal, 09/11/90